Talvez Deus esteja trabalhando na vida de nossos parentes mesmo quando parece que nada está acontecendo. Isso não deve levar-nos a ficar acomodados e a não fazer coisa alguma. Mas pode ajudar-nos a confiar no fato de que acontecem mais coisas do que as que conseguimos enxergar.
Quando um pregador está por trás de um púlpito, diante de uma multidão, pregando a fé, ele precisa se apresentar com autoridade e ousadia. A circunstância requer tal postura. Mas, quando nos sentamos para tomar um café na padaria com um amigo que está em processo de busca, o tom, o volume, o vocabulário e a atitude, tudo precisa ser mais suave.
Para que os meus parentes não-salvos venham a Cristo, Deus tem de operar de maneira sobrenatural para atraí-los. Para que eu diga qualquer coisa que possa soar verdadeira aos ouvidos deles, Deus tem de operar de forma sobrenatural em mim. Quando me lembro disso, oro mais e confio menos em minhas habilidades retóricas.
Quando você se importa mais com um relacionamento com outra pessoa do que se importa em obedecer a Deus, bem, nada poderia descrever melhor a idolatria.
Não busque a realização total em seu cônjuge. Busque a Deus para isso. Mesmo que sua esposa seja uma grande mulher, ela é uma salvadora fraca. Mesmo que seu esposo seja um homem amoroso, ele não pode ser o seu deus.
Precisamos lembrar à nossa alma propensa ao orgulho que tudo, não apenas a morte de Jesus na cruz em nosso favor, é uma dádiva. Cada respirar, cada passo, cada refeição, cada expressão de alegria vem de um Deus que não deixou de dar testemunho de si mesmo. A pergunta retórica de Paulo aos coríntios: “E o que tens que não tenha recebido” (1Co 4.7) deveria ajustar nosso coração a ser grato e humilde. Se isso acontecer, os esforços para alcançar nossa família soarão mais como uma boa notícia do que como mais um aborrecimento.
O processo de testemunhar para a família precisa começar em nosso coração. Para podermos alcançá-la de forma frutífera, precisamos de uma fonte de graça que flui de dentro.
Quando tornamos a família mais importante do que Deus ou do que seu reino, nós a distorcemos e a perdemos. A família não pode cumprir o propósito estabelecido por Deus se exigimos dela coisas que só Deus pode proporcionar. Tais exigências irrealistas de cônjuges, pais, filhos ou qualquer outro parente fazem com que os relacionamentos se tornem uma fonte de dor, amargura e alienação, em vez de segurança, alegria e intimidade.
Apesar da visão elevada de Deus sobre a família, é importante lembrar que Ele também nos mostra em sua Palavra que a família não é um fim em si mesma. Só Ele é digno de adoração. A família deve ficar abaixo dEle.
A família foi instituída por Deus para prover intimidade, para construir confiança, para ser o trampolim a partir do qual todos os outros relacionamentos deveriam acontecer e para conectar as pessoas. O Diabo odeia esses objetivos e continua fazendo todo o possível para tornar a família fonte de alienação, em vez de intimidade.
O desígnio de Deus para a família é tão importante, tão profundo e tão poderoso que o Diabo direciona suas armas mais potentes a esse alvo crucial. Nesse cenário, não é de admirar que nos sintamos mais como se estivéssemos em um campo de batalha espiritual intenso do que em passeio sossegado pelo parque.
Testemunhar a membros da família – aqueles que nos conhecem há muito tempo, que nos veem em nossos piores momentos e que são os menos propensos a serem enganados por nossa fachada – parece infinitamente mais assutador.
Nós, que fomos escolhidos pelo Pai celestial, redimidos pelo Filho, que nos trouxe propiciação, e selados com o Espírito Santo, deveríamos ter a família na mais alta conta. A despeito de todas as correntes culturais que tendem a menosprezar e diminuir a instituição da família, nós, que experimentamos o favor imerecido de Deus, devemos buscar nele os recursos para defender o alto valor dessa instituição divinamente estabelecida e da maior importância (mesmo que imaginemos o retrato de nossa família no dicionário ao lado do verbete “disfuncional”).
Considere o fato de que as Escrituras muitas vezes descrevem a obra de Deus na salvação como um milagre. Ele “deu vida” ao que antes estava morto (Ef 2.1-5); “ele nos tirou do domínio das trevas” (Cl 1.13) e explicou que isso “é impossível para os homens, mas para Deus tudo é possível” (Mt 19.26). Quando percebemos que o evangelismo ocorre no campo do sobrenatural, começamos a orar com mais fidelidade, confiamos de todo coração e proclamamos de forma mais amável. Quando abandonamos a confiança em nossa capacidade de persuadir e nos agarramos ao poder de Deus para salvar, encontramos esperança além da explicação.
[…] às vezes apresentamos nossa obra-prima do evangelho em um contexto que desmente nossa mensagem. Falamos de amor incomensurável, de graça imerecida e de bondade infinita, mas nosso tom de voz, nosso comportamento e nosso estilo de vida transmitem exatamente o oposto. Queremos que as pessoas aquietem o coração para que possam ouvir a música do evangelho, mas estamos tocando em um contexto de julgamento. Queremos que se sintam amadas por Deus, mas elas não se sentem amadas por nós. Queremos que se sintam surpreendidas pela graça, mas o cheiro de condenação é forte demais. Talvez tenhamos de trabalhar o contexto do nosso evangelismo, assim como trabalhamos o conteúdo dele.